Textos/Texts
Matéria. Passagem. Espírito.
Paulo Reis
1996
À primeira vista Bel Barcellos é uma pintora realista – não no sentido corrente de seu termo. Seu motivo é o corpo. Esse instrumento típico da obsessão dos artistas humanistas, desde Michelangelo e Donatello a De Chirico e Iberê Camargo. Mas o que está por trás destas transfigurações, matérias e espíritos que emergem do fundo da tela, é o próprio sentido da vida e, por consequência, da arte. As mulheres de Bel Barcellos não são nada mais que a própria história do homem,, do seu nascimento e morte `a transubstanciação. É metafísica ? Sim, mas o que importa se toda a história (da arte) é por demais metafísica? Suas grávidas, madonas, mortas, tristes rezadeiras, esquecidas, vêm juntar-se às entidades de Michelângelo, Bonnard, Klimt, Rodin, Schiele, Rauschenberg: uma linhagem que coloca o homem como símbolo de um propósito artístico.
Desta forma, a superfície das telas de Bel Barcellos são como camadas de peles e convém não se aproximar muito delas: pode-se ouvir sua respiração.
Flesh. Death. Spirit.
Paulo Reis
1996
At a first look, Bel Barcellos is a realist painter – but not in the usual meaning of the term. Her motif is the body, this typical instrument of the Humanist obsession since Michelangelo and Donatello to De Chirico and Iberê Camargo. But, what is behind these transfigurations, these flesh and spirits which emerge from within the canvases, is the real meaning of life and, consequently, of art. Bel Barcellos’ women are nothing but the actual history of humanity, from its birth and death, to transubstantiation. Is this metaphysics? Yes, but does it matter if the whole history (of art) is in itself metaphysics. Her pregnant, madonna, dead, sad, prayer, forgotten women relate to the spirit of Michelangelo, Bonnard, Klimt, Rodin, Schiele, Rauchenberg: artists which use human beings as a symbol of artistic purpose.
The surface of Bel Barcellos’ artworks are like layers of skin and one should not get too close to it, for sometimes one may hear its breathing.